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Lembra Dele? Roni, 1º 'garçom' de Neymar, quer despedida em Flu x Vila


Lembra Dele? Roni, 1º 'garçom' de Neymar, quer despedida em Flu x Vila

Foram quase 18 anos de carreira distribuídos em 14 clubes espalhados pelo Brasil e pelo exterior. Na coleção de camisas - que inclui do Fluminense, Santos, São Paulo, Flamengo, Atlético-MG, Cruzeiro, Goiás, Vila Nova e Gamba Osaka, entre outras -, figura a mais mitológica, a da Seleção Brasileira. Agora, as peças vão ficar mais valorizadas no museu particular. Após passagem apagada no ataque do Anapolina, onde ficou mais tempo na reserva e marcou apenas dois gols em sete jogos, Roni decidiu, aos 34 anos, abandonar o futebol.

Mas foi só nos gramados. Sem conseguir se desligar do esporte que mudou a sua vida, Roniéliton Pereira Santos, cuja carreira foi mais ligada ao Fluminense (veja um gol pelo tricolor contra o Santos no vídeo acima) e ao Vila Nova e será lembrado por ser o "garçom" do primeiro gol de Neymar no Santos, sonha com despedida oficial. Que seria num confronto entre o clube carioca e o goiano. Depois, espera seguir no mundo da bola como dirigente ou empresário.

- Seria bacana um jogo entre Vila e Fluminense para marcar o meu adeus. Eu queria uma partida oficial, organizada. São os dois times em que mais atuei, sou torcedor e onde fui bem querido por todos. Não posso fazer um jogo só com os meus amigos, porque eu teria de fazer mais de 15 jogos. Tomara que possa sair algo assim – vislumbrou Roni, que não contou os gols marcados em sua carreira.

Roni, ex-atacante do Vila Nova (Foto: Renato Conde / O Popular)No Vila Nova, onde começou a carreira, Roni pode até virar dirigente  (Foto: Renato Conde / O Popular)

Uma das possibilidades de Roni continuar ligado ao esporte é assumir a diretoria de futebol do Vila Nova, clube no qual foi revelado, foi campeão pela primeira vez - goiano, em 1995 - e que está com o cargo à disposição. Mas, para isso, ele quer autonomia.

- Existe a chance. Mas eu ainda não falei com ninguém da atual diretoria. Tem muita gente que quer a minha volta ao Vila, mas eu desejo saber qual é o projeto e quais são as intenções de cada. Também preciso ter autonomia no cargo para eu exercer meu trabalho bem. Se não for isso, penso em virar empresário. Acho que posso ser bem útil nessa função.

Roni, atacante da Anapolina (Foto: Leonardo Moreira / Anapolina)Anapolina, a última parada do atacante Roni
(Foto: Leonardo Moreira / Anapolina)

A ideia de Roni ser contratado para um cargo executivo do Tigre tem o apoio de um nome forte no futebol brasileiro: Muricy Ramalho, atual técnico do Santos.

- Pessoas como o Roni são importantes para o futebol. Se ele se preparar bem, estudar e quiser assumir um cargo no futebol, como diretor, eu acho que é uma ideia muito boa, principalmente se for no Vila Nova, clube do coração e onde ele foi revelado. Ele pode contribuir bastante para o nosso meio. É um homem de caráter, correto, profissional e que ama bastante o clube - elogiou, por telefone, o treinador campeão da Libertadores e tetra brasileiro.

Primeiro 'garçom' de Neymar

Muricy Ramalho acredita que Roni, além de ter vasta experiência no futebol, possa resgatar a imagem colorada.

- Não conheço o funcionamento do Vila, mas, pela torcida que tem, com certeza deveria estar em um patamar bem acima. A torcida é muito grande e apoia o time. Acho que com o Roni na direção, a imagem e o clube vão melhorar.

Do Vila Nova para a Vila Belmiro. No Santos hoje comandado por Muricy Ramalho, a passagem de Roni não foi marcada por muitos gols, mas será lembrada pelo fato de o ex-jogador ter sido o "garçom" de Neymar no primeiro gol do jovem craque pelos profissionais do Peixe, na vitória sobre o Mogi Mirim, por 3 a 0, pelo Campeonato Paulista (assista ao vídeo ao lado em que mostra um gol de Roni e o passe para o gol de Neymar).

- Quando eu cheguei ao Santos, o Neymar tinha acabado de subir para o profissional. Era jovem, tímido, mas já mostrava que era diferente e um menino alegre também. Esses dias eu vi numa matéria que ele ainda se lembra da minha assistência. Eu peguei na ponta esquerda, joguei na área e ele marcou de cabeça. Fiquei feliz por ele se lembrar disso. É um bom menino – disse Roni

Histórias

Nos 18 anos como profissional, Roni colecionou belos gols, como o marcado pelo Flu sobre o Goiânia, em 1999 - assista ao vídeo ao lado. Camisas - apesar de ser mais Identificado com Fluminense e Vila Nova. E histórias. O baixinho, de 1,71m, natural de Aurora (TO), com passagem pela Seleção Brasileira, tem muitas iguais às de qualquer calouro. Roni foi vítima das brincadeiras no início de sua trajetória. Em 1994, quando foi relacionado pela primeira vez no profissional do Vila Nova, não sabia o que levar para a concentração. Então, carregou apenas uma escova de dentes e um pente em uma sacola de supermercado. Foi o prato perfeito para os companheiros.

- Eram outros tempos, bem diferentes do luxo de hoje. E o Roni era bem pobre, não tinha condições. Levou uma sacolinha toda humilde para a concentração. Quando o Luciano viu aquilo, ele caiu na risada. Pegou a sacolinha, começou a chutar, queria dar balãozinho. Fez de tudo com a sacolinha do Roni - lembrou o ex-jogador Tim.

roni fluminense (Foto: Reuters)No Flu, apesar de dois rebaixamentos, dupla com
Magno Alves o projeta para Seleção (Foto: Reuters)

Após a fase inicial, onde era vítima das piadas, o tocantinense se acostumou ao novo ambiente e logo fez grandes amigos. Um deles era Gilvan, zagueiro e companheiro nas aventuras fora do clube. Ainda sem ter assinado contrato profissional, Roni recebia R$ 200 e queria comprar um carro. Já que o salário não era suficiente, guardou o dinheiro da premiação e adquiriu um Monza. Mas era verde e cheio de defeitos.

- Eu andei só três vezes no Monzinha do Roni. O carro, além de ser verde (cor do rival Goiás) e causar reclamação de torcedor e diretoria, toda vez dava problema. Numa delas, em Trindade, o carro estragou, e um torcedor do Vila teve de nos ajudar para o carro funcionar. Na outra, nós fomos para a boate e conhecemos duas meninas. Nós a chamamos e saímos juntos, mas aí o carro deu problema de novo. Eu liguei o toca-fita para esconder o barulho, mas não adiantou nada. Era cada pipoco que eu ficava até sem graça - gargalhou Gilvan, integrante do grupo que Roni guarda as melhores lembranças.

- Aquele foi o melhor ambiente que encontrei no futebol. Todos nós éramos grandes amigos. Eu ia para o treino com prazer - disse o ex-camisa 7 vila-novense.

roni flamengo (Foto: GloboEsporte.com)No Fla, em 2007, pouca inspiração, apesar do 
título carioca (Foto: GloboEsporte.com)

Após ser campeão goiano em 1995, Roni despertou o interesse do São Paulo e de Muricy Ramalho, auxiliar técnico do São Paulo. Muricy foi a Goiânia para ver um jogador do Vila Nova e levou dois.

- Eu era auxiliar do Telê Santana e fui a Goiânia para observar o Luciano, atacante que estava muito bem na época. Fiquei surpreso quando vi o Roni e pedi a sua contratação também. Ele era rápido e driblava muito bem, algo que é bem difícil aliar.

No Tricolor Paulista, Roni não conseguiu se adaptar e retornou ao Colorado no ano seguinte para ser campeão invicto da Série C. Após o título, foi negociado para o Fluminense, clube onde ganhou projeção nacional. No Tricolor das Laranjeiras, na primeira passagem, foram quatro temporadas. Apesar de ter sido rebaixado duas vezes, fez boa dupla com Magno Alves, foi convocado para a Seleção Brasileira em 1999 e ganhou amigos no Tricolor, como o massagista Denilson.

- Foi um grande amigo que fiz. Até hoje sentimos saudade. Fora de campo, era uma pessoa sensacional, que nos ajudava muito. Ele gostava muito de brincar com todos nós. E dentro de campo sempre guardava um no Flamengo para a nossa alegria - recordou Denilson.

Com a amarelinha, Roni disputou um jogo em Goiânia, contra a Holanda, partida na qual guarda uma frustração.

- Perdi um gol que lamento até hoje. Foi o gol que eu não poderia ter errado. Estava em casa, no Serra, com a minha família, minha torcida. O Galvão (Bueno) era o narrador da partida e se empolgou quando eu tive a chance do gol. Infelizmente, eu errei. Mas não posso reclamar. Foi uma época legal. Jogar na Seleção é um prazer único. Não tem nada igual.

roni santos (Foto: Agência Estado)No Santos, em 2009: dupla com nada mais nada
menos que o garoto Neymar  (Foto: Agência Estado)

Sobre a Seleção atual, ele acha que o espírito não é mais o mesmo.

- Mudou muito. Não vejo aquele prazer e vontade nos jogadores em jogar pela Seleção.

Em 2001, pouco antes de retornar para o Flu e ser campeão carioca em 2002, Roni foi para o Al Hilal, na Arábia Saudita, e conviveu com uma cultura bem diferente da encontrada no Brasil. A principal era o salat – cinco orações públicas que os mulçumanos fazem diariamente. Um dia, Roni recebeu um convite para se juntar aos locais, mas a resposta não foi nem um pouco positiva.

- É estranho demais. Os caras acordam às cinco da manhã e já começam a rezar. Um dia, um me chamou, eu xinguei ele e tudo. Depois fiquei com um pouco de pena, mas acordar cedo assim todos os dias não dá, né? Foi bom que ele nunca mais me chamou - relembrou.

Em 2003, Roni se transferiu para a Rússia e conheceu um dos melhores amigos até hoje: Aloísio Chulapa. O entrosamento dentro dos gramados também existia fora dele. Em vez de zagueiros, foi o lateral-esquerdo Calisto, ex-Vasco e Anapolina, quem sofreu.

roni atlético mineiro (Foto: Agência Lance Press)Roni no Galo na temporada de 2006: campeão da
Série B (Foto: Agência Lance Press)

- Eu e o Calisto não entendíamos nada de russo e uma vez fomos fazer uns exames. O doutor nos chamou e começou a falar um monte de coisa. O Roni, para sacanear o Calisto, disse que ele estava mal demais e tinha de parar de jogar futebol. Ele ficou desesperado e nós não seguramos a risada – confidenciou Aloísio, que chama o amigo de "irmãozinho".

Durante o período no Rubin Kazam, Roni conviveu com frio inferior a 8 graus negativos. Uma vez, não suportou a temperatura gelada e abandonou a atividade.

- O treino já tinha mais de duas horas e ninguém aguentava mais. Aí, eu peguei uma bola perto do vestiário, cruzei na área e saí correndo. O técnico ficou desesperado e começou a brigar comigo, mas eu nem dei bola, fingi que não tinha entendido nada. Depois todo mundo do time chegou em mim e me agradeceu por eu ter encerrado o treino - sorriu Roni.

Padre

Atacante que se preza tem de ter sorte. Dentro de campo, Roni não tem do que reclamar.. Porém, fora dele, principalmente na igreja, a história não foi a mesma.

Em 2001, Roni escolheu o amigo Tim para ser o padrinho de sua primeira filha, Victoria. Mas, o ex-jogador recusou o convite por não poder estar tão próximo da família – estava no Internacional, enquanto Roni jogava no Fluminense. Após muita insistência, o pedido foi aceito.
A cerimônia ocorreu sem nenhum problema. Mas, um ano depois, veio a notícia: o padre era falso, e o batizado foi cancelado. Na segunda cerimônia, o padrinho foi alterado.

Roni comemora gol pelo Gamba Osaka do Japão (Foto: AFP)Roni comemora gol pelo Gamba Osaka, do Japão,
campeão da liga dos campeões em 2008 (Foto: AFP)

- Isso foi o destino. Eu era muito desligado na época. Não seria um bom padrinho. Mas, mesmo assim, a Andreia (esposa de Roni) ainda fala que eu sou padrinho. Foi bom para a Victoria, que ganhou mais um padrinho - disse Tim.

No casamento de Tim, Roni foi o padrinho do casamento. Contudo, a união não deu certo: o amigo se separou da mulher.

- Tudo dava errado mesmo. Ele deu azar para mim e eu dei azar para ele - brincou Roni.

Em 2009, novo contratempo com padre. Em comemoração aos 12 anos de casamento, Roni fez nova cerimônia, dessa vez ecumênica. Porém, o padre não chegou no horário marcado. Para não cancelar o evento, o primo e pastor Roberto assumiu o posto.

- Foi engraçado. Estava tudo certo, não tinha esquecido nada. Só faltava o padre, o principal. O jeito foi pegar meu primo, que é pastor. Ele celebrou quase tudo. No meio da cerimônia, lá no final mesmo, o padre chegou e terminou - contou Roni.

Além das histórias engraçadas fora de campo, Roni colecionou também títulos: levantou o Carioca pelo Flu em 2002; o Goiano pelo Goiás em 2006; a Série B com o Atlético Mineiro no mesmo ano; o Carioca pelo Flamengo em 2007; e a Liga dos Campeões da Ásia pelo Gamba Osaka em 2008. No último suspiro de boa fase, arrumou história para contar a filhos e netos ao fazer dupla no Santos com Neymar. Agora, se virar cartola, espera novas inspirações.

Autor: ,postado em 15/03/2012


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