Da mesa de cirurgia para o gol: a trajetória de Gatito Fernández em 2015

Se uma lesão pode mudar o rumo da carreira de um jogador, o que falar de uma sequência delas? E quando, aliado aos problemas físico/musculares entra o acaso? Seria o destino em ação? Quem pode responder bem estas perguntas é Roberto Fernández. O goleiro do Vitória tem, até aqui, um 2015 bastante agitado. Lesão, cirurgia, reserva, saída de companheiro, lesão de companheiro, titularidade e o mais importante: o sonho do título da Série B do Campeonato Brasileiro.
Contratado pelo Vitória em julho do ano passado, Roberto Junior Fernández, conhecido também como Gatito, chegou à Toca do Leão para disputar posição com Wilson. E assim foi, tanto que terminou a Primeira Divisão como titular. Neste ano, quando deveria se manter com a camisa 1, uma lesão no menisco sofrida ainda em janeiro, seguida de cirurgia, mudou todo o rumo.
- Foi um começo de ano difícil. Quando voltei das férias, tinha na mente que eu ia jogar. O Wilson estava machucado e tinha jogado ano passado. Foi difícil, terceiro ou quarto dia da pré-temporada teve a lesão no menisco, tive que passar por cirurgia. Quando voltei a treinar, o joelho não estava bem. Tive que passar por três cirurgias mais. Não foram cirurgias muito complicadas. Mas foram cirurgias que me fizeram perder tempo - reconheceu o goleiro.
Quando voltou a treinar com bola e ficar à disposição, Gatito era o terceiro da fila. Fernando Miguel e Wilson estavam em sua frente. E aí o destino entrou em ação. Wilson foi para o Coritiba em junho deste ano, Fernando Miguel sofreu uma lesão muscular e a camisa 1 parou, novamente, nas mãos do paraguaio.
- Nunca deixei de treinar, sempre fui bastante profissional. Sou assim desde que cheguei no Vitória. Sabendo que tinha jogo que não estaria no banco, mas continuei treinando. E dei o meu melhor para o grupo. Depois da saída do Wilson, tive essa porta que me abriu, que foi voltar ao grupo. Tinha o Fernando que estava em excelente momento. Fazendo jogos muito bons. Já foi mais tranquilo, estava mais perto, estava com o grupo, viajando, concentrando. Isso me deu mais força e fez com que eu treinasse mais, sabendo que a qualquer momento podia acontecer algo. Foi aí que o Fernando se machucou, e tive que entrar. Voltei a jogar depois de sete meses. Não deu para perceber que fiquei tanto tempo parado - acrescentou.
TITULARIDADE ABSOLUTA
Quando teve que substituir Fernando Miguel, Gatito foi titular em duas partidas e, logo depois, voltou para o banco para o retorno do goleiro. Só que Fernando Miguel se machucou de novo e, desde então, são 14 jogos seguidos como o guardião da meta rubro-negra. Se o antigo titular era de confiança do torcedor - ainda pela sequência de pênaltis defendidos - o paraguaio não faz diferente. Ele tem sido o destaque do time de Vagner Mancini em diversas partidas.
- Estou fazendo bons jogos. O time também está muito bem. Estamos conseguindo ganhar. Quando o time está bem, faz com que o trabalho do goleiro dê tudo certo. É um bom momento, o melhor desde que cheguei no Vitória - afirmou.
Neste fim de semana, no jogo contra o CRB, Fernando Miguel voltará a ficar no banco de reservas. Com o companheiro recuperado da lesão muscular, a disputa pela posição tende a ser ainda maior. Mas Gatito garante que o relacionamento entre os dois é o melhor possível. Na visão dele, o clima bom entre os atletas que concorrem pela titularidade no gol é fundamental para um ambiente saudável no clube.
- Não tenho problema com nenhum colega no gol, sempre respeitei que estava jogando. Os goleiros têm que se respeitar, saber o espaço de cada um, para ter um grupo tranquilo - opinou.
O treinador do Vitória, Vagner Mancini, inclusive garantiu a continuidade de Gatito no gol com o argumento de fazer justiça ao jogador. O técnico disse que conversou com o antigo titular para explicar sua opção.
Mas não é só a presença de Fernando Miguel que se tornou uma adversária para ele continuar como titular. O goleiro do Vitória está com dois cartões amarelos e corre o risco de ficar fora de uma partida decisiva nesta Série B. Ele espera não receber a terceira advertência, mas não pensará duas vezes se for necessário para ajudar o Leão.
- Sei que se tiver que receber para ajudar o time, vou receber. Tem muitos jogos que estou pendurado. Fico tranquilo, se receber o terceiro cartão para ajudar o time não será um incômodo.
ENTRAR PARA A HISTÓRIA
Após passar por todos os percalços nesta temporada, Gatito Fernández não quer saber de novos imprevistos até o final da Série B do Brasileiro. Até porque o objetivo dele é de finalizar a competição no lugar mais alto da tabela de classificação.
O Vitória tem 56 pontos e está no segundo lugar - três pontos a menos que o líder Botafogo. De acordo com o goleiro, a ambição do elenco é de conquistar o primeiro título nacional da história centenária do Leão.
- Queremos entrar na história do clube. Essa é nossa maior meta. Passamos por muitas coisas e queremos que esse momento bom continue. Nessa mesma pegada. Sabemos que fazendo o nosso trabalho vamos conseguir. O Botafogo tem jogos difíceis, o campeonato é muito difícil, muito disputado. Se fazemos nosso trabalho, 100%, ganhando os jogos, lá na frente teremos uma ajuda.

Além do duelo com o CRB, neste sábado, o Vitória tem mais seis jogos na Série B. Serão três dentro de casa (Náutico, Ceará e Luverdense) e outros três como visitante (Macaé, América-MG e Santa Cruz).
Com a luta pelo título, o goleiro até deixou de lado a conversa sobre a renovação do contrato para o próximo ano. Ele adianta que o desejo é ficar na Toca do Leão. E espera que o 2016 possa ser mais tranquilo, de preferência na Primeira Divisão.
Autor: ,postado em 24/10/2015
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