Mongolia Bike Challenge: experiência garante boa colocação nos 170km

A distância que iríamos percorrer já estava assustando todos os atletas há algum tempo. Eu estava acreditando que era uma boa oportunidade para o pelotão da frente pegar mais leve nalargada, o que seria ótimo para eu ficar mais tempo no vácuo deles e economizar mais energia. Doce ilusão.
A largada de hoje foi em um downhill, o que bagunçou tudo. Tive a infelicidade de ver aquele atleta da Mongólia de 55 anos se acidentar logo no início da etapa, abandonando a prova. O tombo foi muito feio, e eu passei os 170km imaginando o tanto que ele poderia ter se machucado. Mas eu ainda precisava focar em encontrar o pelotão ideal para fazer a minha prova.
Acho que alguns atletas inexperientes estavam naquele primeiro grupo, inflacionando a velocidade de forma inviável para os 170km que estavam por vir. Me senti muito experiente por perceber isto, e usei como fator decisivo para me desligar do primeiro pelotão e entrar no anterior. A confirmação de que esta era a decisão certa foi justamente ver que lá pelo quilômetro 110 o nosso “pelotão B” começou a alcançar vários atletas que não conseguiram segurar a onda no “pelotão A”. Eles ficaram tão desgastados que não conseguiram nem nos acompanhar depois.
O nosso grupo tinha seis atletas, com um austríaco da minha categoria, e um belga muito inteligente que mantinha a ordem e ditava os revezamentos. A partir do quilômetro cem começamos a ficar muito fortes e fomos alcançando vários atletas que se desprenderam do grupo A. Fizemos de tudo para nos manter unidos, mas inevitavelmente nos reduzimos a quatro atletas.
Por volta do quilômetro 120 eu tive que me desprender do grupo devido a um pneu furado. Assim que terminei de arrumar tudo, estava ciente de que teria que encarar os últimos 50km sozinho. Foi a pior parte da prova para ficar sem companhia, pois tinha muito vento contra, e a velocidade no plano não passava de 18km/h devido a isto. Eu não podia esperar um terceiro pelotão chegar para me encaixar, pois poderia perder muito tempo esperando. Não parei de fazer força nem por um segundo. Eu tinha trabalhado em grupo até ali e estava com as energias em dia.
Mesmo sozinho, eu continuei alcançando alguns atletas isolados que andaram o tempo inteiro na minha frente, e que agora já não tinham mais forças. Passei um daqueles chineses que era muito forte e passei também o austríaco da minha categoria, que antes estava no mesmo pelotão que eu. Isto foi motivo para continuar fazendo força sozinho, afinal nenhum atleta permanecia agrupado.
Terminei a etapa muito cansado, mas fui direto fazer um desaquecimento, tomar um repositor energético, tirar a roupa, almoçar, tomar banho e lavar a bike. Depois, vi que tinha ficado emterceiro lugar na categoria. Missão cumprida.
Autor: ,postado em 28/10/2014
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