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Efeito Talisca: após "empurrão" de joia, Bahia volta a ter força na base


Efeito Talisca: após

As passadas longas, o passe cirúrgico e a conclusão mortal do Anderson, que brilha nos campos da Europa e está prestes a vestir a camisa da seleção olímpica, são as mesmas características do jovem garoto que há pouco mais de um ano ainda integrava as categorias de base do Bahia. Mas se engana quem pensa que as passadas largas são raridade no Fazendão. Após um longo período sem revelar jogadores de sucesso na sua base, o Tricolor vive um novo momento após o “empurrão” da joia Talisca. Some-se a isso o fato de o clube ter encontrado, nos últimos anos, treinadores com facilidade no trato com os mais jovens, como Jorginho, responsável pela promoção de Talisca, Cristóvão Borges, Marquinhos Santos e agora Gilson Kleina. 

talisca bahia (Foto: Felipe Oliveira/ Divulgação/EC Bahia)Maior venda da história do Bahia, Talisca é marco para novo momento da base (Foto: Felipe Oliveira/ Divulgação/EC Bahia)

De espectador do sucesso do maior rival na base, o Bahia tornou-se protagonista. No atual Campeonato Brasileiro, a base tricolor come, literalmente, pelas beiradas com a ascensão dos jovens Railan e Pará. Joias que pela que têm demonstrado na temporada que possuem requisitos para alcançar altos postos no clube e no mundo do futebol.

Para o superintendente das divisões de base do Bahia, Miguel Kertzman, o aparecimento dos jogadores atuais no grupo representa uma mudança de cultura dentro do clube. No entanto, o dirigente ressalta que o Tricolor já teve, no seu passado, a tradição de revelar jogadores. Para ele, a principal mudança nos dias atuais é a preocupação com o atleta individualmente.

Railan; Bahia (Foto: Felipe Oliveira/Divulgação/EC Bahia)Railan é um dos destaques do Bahia na Série A (Foto: Felipe Oliveira/Divulgação/EC Bahia)

- O Bahia sempre teve uma boa base. E, mais recentemente, o que temos feito é um trabalho visando à qualidade dos jogadores. Se preocupando com fundamento e qualidade de cada um. A prática nas bases é de ter uma preocupação com a formação dos times e não do atleta. Normalmente, o mais importante é ganhar campeonato e tal. Claro que isso é importante, porque jogar em equipe também é fundamental, mas sem deixar o trabalho individual de lado. O Bahia hoje privilegia a técnica e a capacidade de desenvolver o potencial dos atletas. Também com treinadores específicos de fundamentos. Além disso, estamos trabalhando com uma quantidade reduzida de jogadores. Ainda melhoramos as condições de clima e convivência, além de psicológico, tudo isso ajuda. É uma mudança de cultura: trazer para a base um pouco do conhecimento específico da ciência, medicina e psicologia. É criar um ambiente produtivo e amistoso para o jovem entre 15 e 19 anos, para que, quando ele estiver entre os profissionais, ele tenha capacidade suficiente para bancar um jogo – disse o dirigente ao GloboEsporte.com.

Ciente dos benefícios gerados ao Bahia pela revelação de grandes talentos, Miguel Kertzman afirma que Anderson Talisca representa um marco na história do Tricolor. O dirigente ainda destaca semelhanças na saída do jogador mais valioso da história do clube, vendido por quatro milhões de euros (R$ 12 milhões), com a saída de Daniel Alves, último grande talento revelado antes de Talisca. O jogador do Barcelona deixou o Fazendão em 2004, negociado com o Sevilla-ESP por pouco mais de um milhão de dólares.

Pará; Bahia (Foto: Felipe Oliveira/Divulgação/EC Bahia)Com personalidade, Pará chegou à seleção de base (Foto: Felipe Oliveira/Divulgação/EC Bahia)

- Essa venda do Talisca é um marco, sim. Assim como o Daniel Alves foi naquela época. O Bahia tem uma tradição enorme de revelar jogadores, como o Daniel, o próprio Charles, que hoje é nosso auxiliar. O Talisca tem se destacado bastante e pode ser considerado um marco. É em um marco como ele que todo o trabalho aparece.  Mas isso passa pela questão de oportunizar o talento pessoal – conta Kertzman.

Na ocasião da venda de Talisca para o Benfica, o presidente Fernando Schmidt comentou a importância e o momento atual da base tricolor. 

- Já trouxemos peças importantes nessa pausa do Campeonato Brasileiro e seguiremos nos reforçando. Talisca veio da nossa divisão de base, daí a importância de esse trabalho prosseguir, cada vez mais aperfeiçoado, para que novos talentos nunca parem de surgir – disse.

Na onda do meia, a dupla Railan e Pará se destaca no futebol nacional, e sua eficácia é comprovada pelos números. Os laterais se destacam no troféu Armando Nogueira, do Sportv/GloboEsporte.com, que analisa os melhores do Campeonato Brasileiro. Ambos estão na quarta colocação em suas respectivas posições. Em julho, Pará foi convocado para a seleção sub-20 e disputou torneios na Europa. Além dele, a base do Bahia tem servido de forma satisfatória às seleções de base. Recentemente, o Tricolor cedeu outros três jogadores à seleção brasileira sub-16: Júnior, Cristiano e Geovane Itinga.

CHARLES: DE CRIA A ENTUSIASTA



Ídolo revelado na base do clube, Charles Fabian hoje é auxiliar técnico de Gilson Kleina e um dos principais entusiastas da utilização das jovens crias do Tricolor no time principal. O ex-atacante foi treinador dos times das divisões inferiores do Bahia. Para Charles, o momento é bom e a má fase do passado pode ser explicada por dificuldades financeiras.

- A base do Bahia historicamente sempre produziu grandes jogadores a nível mundial. O Bahia, como qualquer clube, passe por situações difíceis, e a base é um equilíbrio financeiro importante. Hoje em dia, como está o futebol, se você não tem uma divisão de base forte, não consegue se manter. Atualmente, ela passa por um momento bom. Há o acompanhamento da passagem para o profissional, observação de jogadores que têm talento – disse ao GloboEsporte.com.

charles bahia (Foto: Felipe Oliveira/ divulgação/ EC Bahia)Ex-treinador do time sub-20, Charles é auxiliar de Gilson Kleina (Foto: Felipe Oliveira/ divulgação/ EC Bahia)

Entusiasta do uso dos seus ex-comandados no time de cima, Charles conta que, sempre que pode, fala sobre o potencial dos jovens com Gilson Kleina.

- Eu falo dos jogadores que têm talento, que acredito que podem vingar no clube. O Rômulo e o Bruno Paulista, por exemplo, que estão trabalhando com a gente, não estão tendo oportunidade, mas desfrutam do convívio no profissional, que é muito importante para eles. A tendência é que eles possam crescer e se desenvolver – disse.

Citado por Charles, o lateral esquerdo Bruno Paulista é mais uma dos promessas do Bahia que já compõem o time principal. O jogador teve apenas uma chance em campo, ao jogar sob comando de Charles, alguns minutos em uma partida contra o Corinthians, na Copa do Brasil. Ainda assim é apontado como um jogador de futuro brilhante dentro do clube.

- A safra (que revelou Talisca, Pará, Railan, Feijão e cia) ainda não terminou. Esse ano subiu outro jogador que já está no grupo e que achamos que será um jogador muito importante, que é o Bruno Paulista – prevê Miguel Kertzman.

Aos 19 anos, o jovem promovido por Charles comemora a confiança de se tornar um profissional no Bahia e cheio de orgulho ressalta o apoio da família para crescer. Com foco e determinação, o garoto mostra personalidade para prever um futuro de alegrias para o torcedor do Bahia.

Lateral Bruno Paulista, jogador da base, durante treinamento do Bahia (Foto: Divulgação/E.C. Bahia)Como lateral ou volante, Bruno Paulista chama atenção como nova joia (Foto: Divulgação/E.C. Bahia)

- Graças a Deus estou conseguindo conquistar meu objetivo como muita determinação, trabalho e foco. Para mim está sendo muito bom. Também para meus pais que me dão bastante apoio. Estou muito focado e querendo, quando entrar, dar meu máximo e ajudar meus companheiros. Tenho certeza que tenho muito a aprender com eles. Vai dar tudo certo. Aos certos vão dar tudo certo porque a vitória é certa. Estou muito feliz de estar no profissional de um time que nem o Bahia, que é um time de muitos jogadores de qualidade. Na minha opinião é um dos melhores do Brasil. Quem joga contra a gente, sofre porque é o Bahia é um time de muita garra e vibração do começo ao fim. Tenho certeza que o Bahia vai dar muitos frutos bons aos torcedores - disse o jovem ao GloboEsporte.com

Comandante do grupo tricolor, Gilson Kleina ressalta a importância da base como planejamento futuro e destaca o papel do auxiliar Charles Fabian como fonte de informação sobre os jovens jogadores.

- Eu acho que essa interação com a base é super importante. Nos treinos, a gente começa a ver jovens valores. São jogadores muito promissores e que vão ter condições de jogar no Bahia. Sou aberto aos talentos da base e à permanência desses jogadores no grupo. Para o Bahia começar a ter uma equipe coesa e competitiva, é preciso ter uma base sólida. O planejamento ideal é utilizar um maior percentual da base, conseguir segurar atletas que fizeram grande campeonato e trazer grandes jogadores. Hoje a gente tem uma informação privilegiada, que é o Charles, isso que ele etá fazendo.O planejamento é de médio a longo prazo. O Bahia já está em outro estágio e agora precisa começar a dar um salto, mas isso é planejamento - destacou Kleina.

COMENTARISTA FREIA EMPOLGAÇÃO: "O TEMPO DIRÁ"



Para o comentarista da TV Bahia, Darino Sena, o principal desafio do Bahia neste momento é provar que a atual fase da base do clube não é algo passageiro. Sena diz ainda não crer que Talisca, Railan e Pará sejam frutos de uma nova mentalidade no clube. O comentarista afirma que a expectativa é saber se o Tricolor tratará suas joias com mais racionalidade.

- O desafio do Bahia a partir de agora é mostrar que isso não é um momento isolado. E que essa alimentação do time principal por jogadores da base não é fruto de uma coincidência. O Bahia precisa mostrar que isso é uma rotina. O problema da base do Bahia nunca foi talento. Isso a gente sempre via. O problema dos últimos anos sempre esteve na formação, no fundamento e, principalmente, na questão física - lembra Sena.

- O Bahia revelou muita gente que chegava ao time de cima sem musculatura e sem condições de jogar profissionalmente. Ainda não consigo dizer que esse novo momento do Pará, Talisca, Railan, é fruto de uma mudança de filosofia de administração. Ainda não sei se são reflexo da mudança de formação ou uma coincidência, ainda por ter o Charles, que trabalhou com muitos deles, agora no time profissional, ou se a partir de agora o Bahia vai ser mais racional na sua organização. Isso só o tempo dirá. Graças aos erros do passado nesse processo, o Bahia perdeu ou colocou muito mal muitos meninos – completa o comentarista.

Com o tempo como juiz, o Bahia surfa na crista da nova onda da base, mas com a obrigação de lapidar suas joias com cuidado e paciência. Por um futuro melhor para o clube, resta ao torcedor a espera de que boas safras sigam surgindo e sendo bem aproveitadas. E que o efeito Talisca inspire, com as passadas largas do meia, longas passadas em direção a uma base de qualidade.

Autor: ,postado em 07/10/2014


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