Brasileiro e pupilo de Don King tenta retomar carreira no boxe após dramas

Em abril de 2012, o paulista Marcus Oliveira, o Ratinho, alcançou o maior objetivo de todo boxeador: estrear como profissional nos EUA, o principal polo da modalidade, e ainda por cima tendo como manager Don King, o mais famoso (e polêmico) dos promotores do boxe. Para completar, ainda conseguiu emplacar uma vitória por nocaute na estreia. Só que aquilo que se desenhava como um sonho tornou-se um verdadeiro pesadelo na vida de Ratinho.
Vários contratempos acabaram interrompendo a carreira do brasileiro, que chegou a ser o quinto do ranking mundial da OMB (Organização Mundial de Boxe) entre os meio-pesados (até 79,370 kg), mas acabou se envolvendo em uma briga entre empresários e sofreu uma grave lesão no olho.
Quase dois anos depois, Ratinho tenta recuperar o tempo perdido e retomar a carreira. Nesta sexta-feira, ele volta aos ringues em Cleveland (EUA), para enfrentar o americano Terrance "T-Rex" Smith, em um combate previsto para oito assaltos.
"Vai ser um recomeço para mim, não via a hora deste momento chegar. Nos últimos quatro meses, só penso nesta luta", afirma Ratinho, de 28 anos, nascido no bairro paulistano do Ipiranga (SP) e que tem um cartel de 25 lutas, com 23 vitórias (21 por nocaute), uma derrota e um empate.
As frases são disparadas pelo brasileiro com uma velocidade alucinante, típicas de quem está ansioso para retomar rapidamente um caminho que parecia perdido. "Passei por um período muito complicado em minha vida, tanto pela briga com meu ex-empresário quanto pela minha contusão", explica.
Ironicamente, a vida de Ratinho começou a dar uma guinada após sua vitoriosa estreia nos EUA, quando nocauteou Adam Collins aos 49 segundos do primeiro assalto.
Após conquistar o título latino-americano dos meio-pesados, em fevereiro de 2011, Ratinho despertou a atenção do promotor Don King, organizador de lutas históricas de Muhammad Ali, Evander Holyfield e Mike Tyson, entre outros astros do boxe.
Marcus Oliveira se viu diante da maior oportunidade de sua vida e assinou um contrato de três anos, passando a trabalhar diretamente com Carl King, filho do badalado empresário.
Impaciência e desespero
Mas depois da vitória inicial, Ratinho ficou muito tempo sem lutar. "Chegaram a me prometer que eu disputaria o título mundial, mas aquela luta nunca chegava", relembrou. Insatisfeito, o brasileiro deu aquele que chama de um passo em falso na carreira.
"Eu me desesperei com a espera e caí na conversa de um espertalhão", disse Ratinho, referindo-se ao empresário cubano radicado nos EUA, Armando Fernandez, que o convenceu a deixar de trabalhar com King e lutar para ele.
O brasileiro evita entrar em detalhes sobre a polêmica, mas caso foi parar na Justiça dos EUA, com Don King tendo entrado com recurso impedindo o rompimento de contrato.
Para piorar, neste meio tempo, Ratinho acabou sofrendo uma séria lesão no olho direito, ocorrida durante um treinamento. Aí, o que já estava ruim, virou um pesadelo.
"Precisei fazer uma correção ocular. Foram quatro meses sem qualquer atividade física e depois mais seis meses para recuperar a forma, porque engordei muito. Mas agora estou no auge de minha forma", assegurou o meio pesado brasileiro, que teve receio por conta da lesão no olho.
"Vários boxeadores tiveram problema de retina, como o Servilho de Oliveira e o Maurício Amaral, e precisaram abandonar o boxe. É claro que a gente fica preocupado."
O mais irônico nesta história é que Ratinho continua sendo agenciado pela empresa de Don King, tendo inclusive assinado um novo contrato até 2017. "Após o caso com o cubano, ele me chamou para conversar no escritório dele e já imaginei que iria levar uma bronca daquelas, por causa da fama dele de explosivo. Mas ele me tratou muito bem, disse que não estava sabendo o que tinha ocorrido por eu ter ficado sem lutar por tanto tempo e me ajudou demais na minha recuperação, me encaminhando a um ótimo cirurgião e pagando todas as despesas", afirmou.
Agora, o principal objetivo de Ratinho é retomar o caminho perdido em sua carreira e, por tabela, ajudar o boxe brasileiro. "Sou muito amigo do Yamaguchi Falcão e fiquei triste com a desclassificação dele em sua estreia como profissional. Mas ele tem muito potencial, assim como o irmão dele, o Esquiva. Acho que nós três podemos ajudar a colocar o boxe brasileiro em destaque no cenário internacional novamente, como foi na época do Acelino Pepó", aposta.
Autor: ,postado em 20/02/2014
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