Agente de Ávine endurece críticas ao Bahia e alega abandono: '3º plano'

Os dias do lateral Ávine no Bahia podem estar contados. Em recuperação de uma cirurgia realizada no joelho, o jogador assiste a uma guerra travada entre o empresário Oldegard Filho e a direção do Tricolor. Com contrato até o fim deste ano, o agente e o lateral revelam que as negociações para uma possível renovação estão paradas. Oldegard não mede palavras para descrever a situação e é enfático ao dizer que o clube ‘abandonou’ o atleta.
- Pela manhã, coloquei no meu Twitter que o Ávine está passando dificuldades. E não é mentira. Tem muita gente me ligando. Decidi falar o que é a verdade, apesar de oficialmente o Bahia negar tudo. Devem três meses de salários para ele – afirmou o empresário em entrevista exclusiva ao GE.
Segundo Oldegard, além de não receber, Ávine precisou gastar do próprio bolso para suprir custos durante a viagem para o tratamento do joelho, em São Paulo. O empresário alega que os gastos deveriam ser pagos pelo Bahia.
- A intervenção que estava à frente do clube, na época da cirurgia em São Paulo, liberou o pagamento do hospital Albert Einstein, mas não pagou a equipe médica. O atleta foi para lá, arcou do bolso dele com aluguel, alimentação, exames de imagem, raio-X, pré-operatórios. Tudo isso o Ávine pagou do próprio bolso. O Bahia não ajudou em nada. Não quero polemizar. Levei esse assunto a público para que as coisas sejam esclarecidas. Além disso, o atleta não recebeu uma ligação de ninguém do Bahia durante o período em que ficou em São Paulo. Salvo o médico do clube, Dr. Sapucaia, único que foi visita-lo. Fora isso, ninguém ligou para ele. Eu, quando estive no Bahia, passei o número de Ávine para todas as pessoas, para passar uma palavra de conforto. Ele estava em estado de depressão. Mas ninguém ligou – reclamou Oldegard.
O empresário também afirma que o Bahia não conseguia recuperar Ávine e que ele mesmo tomou a decisão de procurar um especialista para tratar a lesão de cartilagem no joelho do jogador.
- No início de agosto, eu, por conta própria, comecei a pesquisar um especialista que pudesse dar um parecer sobre o Ávine. Até então, ele fazia fisioterapia no Fazendão, ia para o campo, sentia dor e voltava para a fisioterapia. O tratamento do Bahia se restringia a isso. Tratei desse assunto com Anderson Barros, que deu o aval para que eu escolhesse um profissional fora do clube. Pesquisei e cheguei no Moisés Cohen. O Bahia se prontificou a pagar – lembra.
O empresário alega ainda que o lateral está ‘abandonado’ apenas por estar machucado. Para Oldegard, se Ávine estivesse em plenas condições físicas de disputar uma partida, o Bahia já teria renovado o contrato e pago os salários atrasados.
- Tem os salários de agosto, outubro e novembro em atraso. Se ele estivesse jogando, produzindo, não estaria nessa situação. O Bahia está relegando ele a um terceiro plano. Venho cobrando isso pessoalmente, por telefone e por e-mail. No último contato, o Reub Celestino [diretor administrativo financeiro] me chamou de grosseiro, que não queria nem me conhecer. Estou vendo 31 de dezembro chegar, e o jogador ficar sem contrato. Estou colocando abertamente para a torcida. Meu caso com o Bahia não é político. Não quero misturar isso. Eles estão mentindo dizendo que estou criando dificuldade para renovar. Convoco quem quiser para ver quem está criando dificuldade – desafiou Oldegard, que era membro do Conselho Deliberativo na gestão Marcelo Guimarães Filho.

Formado nas categorias de base do Bahia, o lateral foi promovido ao elenco profissional tricolor em 2006, quando o time disputava a Série C do Campeonato Brasileiro. Em 2009, o jogador foi emprestado ao Santo André, mas retornou ao clube baiano e ajudou o Esquadrão no retorno para a elite do futebol nacional.
Em 2011, Ávine precisou passar por uma cirurgia no joelho. No ano seguinte, foi submetido a uma artroscopia no local. Desde então, ele luta para se recuperar de uma lesão na cartilagem do joelho. Por duas vezes, o atleta foi liberado pelos médicos do clube para voltar aos treinamentos. Em fevereiro deste ano, o ala chegou a treinar com o restante do elenco e até cogitou a possibilidade de mudar de posição para voltar a atuar em alto nível, mas sequer conseguiu entrar em campo para disputar uma partida oficial. No último mês de agosto, Ávine viajou para São Paulo, onde passou por mais uma cirurgia no joelho. O retorno para Salvador ocorreu na última semana, quando o ala iniciou os treinos físicos no centro de treinamento do Bahia.
Volta para Salvador contra a vontade
Ávine voltou para Salvador na semana passada para iniciar o recondicionamento físico no Fazendão. De acordo com Oldegard, contudo, o lateral não tinha o desejo de retornar para a Bahia. O empresário diz que, para o jogador, o melhor seria ficar em São Paulo, onde teria o acompanhamento dos médicos que realizaram a cirurgia no joelho. Até mesmo alguns clubes da capital paulista já haviam sido contatados para receber o lateral.
- Quando a nova diretoria assumiu, fui mais de oito vezes para tratar da questão financeira de Ávine. Ele não recebeu agosto, outubro e novembro. Ia cobrar isso e a renovação e o ressarcimento das despesas que ele estava bancando. Estava em contato com o Corinthians e São Paulo para ele ficar lá fazendo a etapa de fortalecimento muscular. Essa segunda parte que ele está fazendo agora aqui no Bahia. E a equipe de Cohen ia acompanhar tudo lá. Como ele não tinha como arcar com a despesa, ele teve que voltar. Ele está aqui por única e exclusiva culpa do Bahia, não era a opção dele. O melhor para ele era ficar em São Paulo – conta o agente.
Pela lei, Ávine teria o direito de deixar o Bahia sem pagar multa, já que, como afirma o empresário, possui três meses de salários atrasados. No entanto, Oldegard afirma que não tem o interesse de tirar o atleta do clube .
- Vinha falando com Valton [Pessoa, vice-presidente do Tricolor] sobre a renovação. Ele sempre me dizia que ia falar depois. Já tem quatro meses isso. Se o clube tivesse interesse, já não teria feito? Propus uma prorrogação de contrato por um ano para ir discutindo os termos de uma renovação com mais calma. O Bahia, 'mentirosamente', colocou no site que me procurou e que estou colocando dificuldades. Fui várias vezes lá para negociar e estou sempre à disposição para tratar desse assunto – argumenta.
Oldegard diz ainda que, a princípio, os diretores do Bahia só queriam falar sobre renovação após a definição da situação do time no Campeonato Brasileiro. No último domingo, o Tricolor bateu o Cruzeiro no Mineirão e eliminou as chances matemáticas de cair para a Segunda Divisão. O desfecho dentro de campo foi favorável, mas o agente garante que, apesar da promessa, não foi procurado por cartolas do clube baiano.
- Semana retrasada, estive lá com Anderson Barros [diretor de futebol do clube] e o Valton. Fui tratar de um assunto de um atleta das divisões de base. Dessa vez, o Valton me disse que, passando a fase de o Bahia cair ou não cair, a gente conversava. Essa questão independe disso. É um assunto grave para ser tratado. Ninguém me procurou até agora. Vou lá amanhã pela manhã para resolver isso. Estarei lá espontaneamente. Estarei no Bahia para ver se querem tratar da renovação. Quem quiser da imprensa pode me acompanhar. Será ótimo para ver o que eles falam dessa vez. Faço até um debate público para mostrar que estão mentindo – provocou o empresário de Ávine.
O agente reconheceu que o Bahia não tem obrigação legal de pagar o direito de imagem de Ávine, já que o atleta não entra em campo há mais de um ano, e mostra confiança sobre o retorno do lateral aos gramados. A última vez que o jogador de 25 anos entrou em campo foi em agosto do ano passado.
- Tem o direito de imagem. Pela lei, o Bahia não tem obrigação de pagar. Mas e a lei moral? Quem colocou o Ávine nessa situação? Sei que ele tem condições de voltar a jogar em alto nível. Totais condições. Toda a expectativa está sendo superada. Clinicamente, ele está curado – garantiu Oldegard.
ávine confirma negociação paralisada

Nesta terça-feira, o jogador postou em uma rede social que as negociações para renovação de seu contrato estão paradas. O atleta diz que o clube não tem a intenção de tratar do assunto neste momento e afirma que não quer 'tumultuar' o ambiente do Tricolor.
- Não querem renovar o meu contrato agora. Desde já, agradeço a compreensão, mas não quero ficar tocando nesse assunto, porque está mexendo muito comigo. Não estou querendo tumultuar, só quero esclarecer, pois sabem o amor que tenho pelo clube. Jamais estaria aqui falando se fosse mentira – postou Ávine no Twitter.
Apesar de as negociações estarem congeladas, o lateral tricolor se mostra confiante em um desfecho positivo acerca da renovação de vínculo. Atualmente, Ávine realiza sessões de treinos físicos no Fazendão para tentar voltar a jogar normalmente na próxima temporada.
- Creio que o senhor Jesus sabe de todas as coisas e espero que seja tudo resolvido – escreveu.
bahia diz que oldegard 'falta com verdade'
Pelo Twitter, a assessoria de comunicação do Bahia respondeu às acusações de Oldegard Filho. Em uma série de postagens na rede social, o clube garante que o salário do jogador está em dia – com pendência do direito de imagem de agosto – e que arcou com despesas de Ávine durante a estadia em São Paulo.
- O empresário do lateral Ávine (ídolo do clube), que é inclusive conselheiro destituído da gestão passada, falta com a verdade perante a Nação. O salário de Ávine está quitado em igual situação aos demais atletas do elenco. E o tratamento segue normalmente. Há uma pendência em relação ao pagamento do direito de imagem do jogador referente ao mês de agosto - algo que não é exclusivo de Ávine. Mesmo sem obrigação de pagar a imagem de um jogador que não joga há mais de um ano, o clube continua tratando Ávine da melhor forma possível, em consideração aos serviços prestados pelo atleta. O Bahia também arcou com as despesas da mulher e do filho de Ávine no período da cirurgia e pós-cirúrgico do jogador em São Paulo – diz os posts publicados no perfil oficial do Bahia no Twitter.
Também pela rede social, o clube afirma que tem o desejo de renovar com o lateral e põe a culpa do fracasso nas negociações no empresário do jogador.
- Finalmente, nós queremos renovar com o atleta, mas o empresário está colocando dificuldades – pontua
Autor: ,postado em 04/12/2013
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