Ministério Público Federal investiga vendas de jogadores do Bahia

s últimas negociações feitas pelo Esporte Clube Bahia estão sob a investigação do Ministério Público Federal da Bahia (MPF-BA). O órgão está analisando as vendas de atletas como Gabriel, Maranhão, Filipe e Paulinho, todas realizadas no segundo mandato do ex-presidente tricolor, Marcelo Guimarães Filho. A investigação objetiva verificar se houve crimes contra o sistema financeiro e/ou sonegação fiscal.
O inquérito está sendo conduzido pelo procurador José Alfredo Silva. De acordo com a assessoria do MPF-BA, o procurador não pode se pronunciar sobre o assunto para não atrapalhar as investigações, que correm em sigilo.

A investigação foi originada por uma notícia-crime apresentada por dois advogados baianos, torcedores do Bahia, na Procuradoria-Geral da República, em Brasília. O documento acusa o ex-presidente do clube, Marcelo Guimarães Filho, de crimes como estelionato, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Além do presidente afastado, também figuram no processo o ex-gestor de futebol tricolor Paulo Angioni, o ex-coordenador da divisão de base do clube Newton Mota, e o delegado André Garcia, sócio-proprietário da empresa Calcio.

Marcelo Guimarães Filho foi afastado da presidência
em julho deste ano (Foto: Eric Luis Carvalho)
Em junho do ano passado, o jornal soteropolitano A Tarde apurou que a Calcio possui percentuais de vários jogadores das divisões de base do Bahia e teria recebido cifras milionárias com as negociações realizadas durante a gestão de Marcelo Guimarães Filho. Segundo a publicação, somente no primeiro ano de fundada, a Calcio teria lucrado sete vezes mais do que o declarado em sua expectativa de faturamento.
- A gestão do Presidente do Esporte Clube Bahia se reveste das mais diversas formas de obscurantismo, mas sua ofensa não fica restrita apenas a não participação dos torcedores no processo político interno. Recentemente, a imprensa baiana trouxe a público uma verdadeira rede de interesses financeiros envolvendo jogadores da base do Esporte Clube Bahia através de uma empresa privada: a Calcio - diz a notícia-crime elaborada contra MGF, em abril deste ano.
A equipe de reportagem do GLOBOESPORTE.COM tentou entrar em contato com Marcelo Guimarães Filho. No entanto, o ex-presidente tricolor não atendeu as ligações. Desde que foi afastado por determinação judicial, o ex-cartola não concedeu entrevistas.
RELEMBRE AS NEGOCIAÇÕES
Gabriel e o Flamengo

Maior negociação até hoje, venda de Gabriel gerou
polêmica (Foto: André Durão / Globoesporte.com)
Em janeiro deste ano, o Bahia realizou uma de suas negociações mais polêmicas. Sob o comando de Marcelo Guimarães Filho, o Tricolor vendeu para o Flamengo o meia Gabriel, revelação da base que havia se destacado na temporada 2012. O Rubro-Negro carioca adquiriu, na época, 50% dos direitos econômicos e assinou por cinco temporadas com o jogador. Fontes ligadas ao Bahia dizem que os cariocas pagaram R$ 6,7 milhões pelo percentual.
O pagamento do montante, no entanto, seria feito através de cinco parcelas, que seriam quitadas até o primeiro semestre de 2014. A negociação deixou a torcida indignada, devido ao valor supostamente baixo cobrado pelo Tricolor, à forma de pagamento pelo jogador e à falta de reposição de um atleta do mesmo nível de Gabriel no elenco baiano. A venda iniciou uma crise no clube, que se estendeu nos meses seguintes dentro do Bahia. Sob revolta da torcida, o time não correspondeu dentro de campo e acumulou fracassos no primeiro semestre.
Além disso, a indignação dos torcedores gerou uma das maiores polêmicas do ex-presidente. Após a negociação do meia, Marcelo Filho postou, em seu perfil em uma rede social, a foto de um uísque escocês acompanhada da seguinte frase: “Vamos continuar”, fazendo referência a uma provável comemoração. Logo em seguida, torcedores reclamaram. Um deles postou a seguinte mensagem: “Faz um negócio de merda e comemora com um 15 anos! Show de bola! Vender eu entendo, mas pelo preço e do jeito que vendeu (em suaves parcelas)... Uma m...!!!”. Marcelo Guimarães Filho foi direto na resposta:
- Vá tomar no c...! – escreveu.
Maranhão e o Cruz Azul

Maranhão foi vendido para o Cruz Azul em janeiro de
2012 (Foto: Divulgação)
No início do ano passado, o Bahia vendeu o meia Maranhão para o Cruz Azul, do México. O jogador tinha contrato com o clube até dezembro de 2012 e foi negociado depois de disputar 16 jogos na Série A do ano anterior. O Tricolor vendeu os 70% dos direitos federativos e econômicos que pertenciam ao clube.
O valor do negócio, no entanto, não foi divulgado. Especulações apontam que o montante final pago pelo atleta tenha girado em torno de R$ 2 milhões.
Filipe e a Europa

Filipe deixou o clube em junho do ano passado
(Foto: Felipe Oliveira/EC Bahia/Divulgação)
Em junho de 2012, o jovem Filipe, de apenas 18 anos, foi vendido por 2, 2 milhões de euros para o grupo do empresário português Jorge Mendes, um dos mais influentes empresários do futebol europeu. O Bahia ficou com 50% do valor pago pelo atleta.
Filipe era uma das maiores promessas das categorias de base do clube. O volante havia sido convocado por Ney Franco para defender a Seleção sub-20, disputou o Torneio das Oito Nações e só não foi titular no jogo da estreia. A partir do segundo jogo, o atelta ganhou a vaga e foi um dos principais nomes do grupo campeão do torneio disputado na África do Sul em junho do ano passado.
Paulinho e os espanhóis

Garoto-problema', Paulinho foi vendido para grupo
espanhol (Foto: Divulgação / Esporte Clube Bahia)
O meia Paulinho foi outra promessa da base tricolor vendida para um grupo de empresários europeus. Desta vez, a negociação foi fechada com investidaores espanhóis em dezembro do ano passado, que iriam agendar uma série de testes em grandes clubes da Europa - incluindo o Real Madrid. Talentoso, o alteta também era conhecido pelas confusões que protagonizava nas categorias de base do Bahia.
Mais uma vez, os valores da negociação não foram divulgados. Nem o valor total nem o percentual que foi destinado ao clube baiano.
Autor: ,postado em 27/08/2013
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