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Rátis revela dimensão da crise: 'Não podemos deixar dinheiro na conta'


Rátis revela dimensão da crise: 'Não podemos deixar dinheiro na conta'

Após 38 dias à frente do Bahia, Carlos Rátis mantém o mesmo semblante sereno com que vem dirigindo um dos mais populares clubes do país. Na véspera do dia mais importante da história recente do clube, o interventor do Tricolor baiano esteve na redação da TV Bahia e do GLOBOESPORTE.COM.

Acompanhado de Danilo Pessoa de Souza Tavares, membro da equipe de intervenção, Rátis chegou cedo, olhou rapidamente alguns jornais, comentou a decisão judicial que suspendeu novas associações, sorriu, criticou, e foi para a frente das câmeras convocar os sócios para o momento mais importante do Bahia nos últimos anos.

Carlos Rátis, interventor do Bahia (Foto: Raphael Carneiro)Carlos Rátis convoca a torcida para votar neste sábado a Fonte Nova (Foto: Raphael Carneiro)

Após a participação no programa Globo Esporte, o interventor recebeu um batalhão de jornalistas para questionamentos finais sobre o processo de intervenção. Paciente, Rátis respondeu todas as perguntas e dúvidas. Olhar quase sempre focado no questionador, o que só não ocorreu nos segundos iniciais do bate-papo, quando focou na TV, que mostrava as belas candidatas à Musa do Brasileirão por Bahia e Vitória.

Poucos minutos são suficientes para se perceber que o Tricolor é a mais nova paixão do advogado, pai de duas crianças.

- Eu era um torcedor do Atlético-MG de conveniência. Hoje eu torço com todo vigor e força pelo Esporte Clube Bahia - disse.

- Estou aqui para falar a verdade. A mesma que falo em qualquer veículo. Sem favorecer este ou aquele. Apenas a verdade – anunciou o interventor, pronto para os questionamentos.

Durante a entrevista, o advogado revela a situação do Bahia atual e diz que o futuro presidente terá problemas consideráveis pela frente. No dia a dia do Tricolor, visitas constantes ao banco para evitar que o dinheiro do clube seja destinado à Justiça Trabalhista e renegociação de antigas dívidas. Outra preocupação permanente vem das categorias de base:

- É absurdo não ter recolhimento de FGTS, INSS. O clube fica à mercê de uma liminar a toda hora, e por um valor baixo. Por conta de R$ 60 que não se recolhe, perde-se um jogador que pode valer R$ 5 milhões para o clube, fora o desrespeito com o funcionário - diz Carlos Rátis.

A intervenção, no entanto, não deve durar muito tempo. Rátis destaca o caráter transitório de sua administração e afirma que a eleição para presidente do clube pode ser realizada no próximo dia 31. Confira abaixo a íntegra da entrevista do advogado.

Dificuldades econômicas

Não podemos deixar dinheiro [na conta]. Temos que tirar para pagar dívidas ou fazer cheques administrativos, caso contrário, o dinheiro, de um dia para o outro, vai para processos trabalhistas."
Carlos Rátis

- A situação econômica do Bahia é muito difícil. É um caso bastante delicado. Sócios devem levar isso em consideração, porque vai ter que buscar um candidato full time, 24 horas dedicado. Os problemas do Bahia só serão resolvidos a médio, longo prazo. O Bahia só vai conseguir guardar dinheiro depois de um bom tempo. Os problemas trabalhistas são muito grandes, R$ 150 mil por mês de acordo trabalhistas. Não podemos deixar dinheiro [na conta do banco]. Temos que tirar [o dinheiro da conta] para pagar dívidas ou fazer cheques administrativos, caso contrário, o dinheiro, de um dia para o outro, vai para processos trabalhistas. Isso não pode ser tolerável. Quem assumir tem que ter vontade de planejamento. Quem entrar tem que ter essa vontade de resolver com toda força esses problemas.

Problemas na base

- Um dos problemas do Bahia é a base. É um Bahia dentro de um Bahia e que precisa ser valorizado. Em todos os aspectos. Rever gastos, acompanhamento dos jogadores... É absurdo não ter recolhimento de FGTS, INSS. O clube fica à mercê de uma liminar a toda hora, e por um valor baixo. Por conta de R$ 60 que não se recolhe, perde-se um jogador que pode valer R$ 5 milhões para o clube, fora o desrespeito com o funcionário.

A eleição

- Consideramos a data dia 31 de agosto uma boa data. Dia 7 de setembro, por ser feriado, seria um dia ruim, enquanto dia 14 de setembro seria longe demais. Dia 24 de agosto seria um atropelo. Candidatos já estão se manifestando. Temos que motivar sócios a montarem suas chapas. Não vamos apoiar A, B, C ou D. [Integrantes da intervenção] Não vamos exercer direito de voto. Nossa associação se deu para incentivar a associação em massa, mas não vamos votar. Vamos lançar, na próxima semana, o edital das eleições. Nesse edital, teremos prazos para inscrição de chapas e regras. O clima é de expectativa para o momento de democracia. Todos aguardando com muita alegria. Agora é importante que os torcedores comecem a discutir bons nomes e que preencham requisitos objetivos e que sejam respeitados e sérios.

Conselho proporcional

- É importante que, na hora de inscrever suas chapas, destaque-se a ordem de preferência de conselheiros. Porque o resultado é proporcional. Os primeiros inscritos é que vão ter preferência. Esses que vão encabeçar a lista, que devem ser aquelas pessoas conhecidas, que até podiam ser candidatos a presidente.

Carlos Rátis, interventor do Bahia (Foto: Raphael Carneiro)Carlos Rátis fala sobre problemas do Bahia e avalia intervenção (Foto: Raphael Carneiro)

O novo estatuto

- Para que a eleição possa ocorrer, foi constatada a necessidade de atualização do estatuto e ficou nítido para a comissão que é uma aspiração da torcida. Não inventamos os artigos e propostas. Nós reunimos ideias espalhadas por diversas pessoas físicas ou grupos personalizados. E reunimos pontos para serem objetos de discussão e na segunda divulgamos para fazer uma assembleia para referendar.

- Entendemos que o trabalho da intervenção deve cessar o mais rápido possível. Porque intervenção é um quadro de exceção e um clube não pode viver de exceção. E é algo extraordinário que teve que acontecer para resolver uma situação. Em 2011, as eleições foram viciadas e, como você tinha um resultado indevido, o Judiciário veio a dar uma solução, que foi a intervenção, para fazer eleições.

A intervenção

- Conseguimos fazer um planejamento quanto a fornecedores em atraso. A auditoria vem sendo alimentada constantemente com informações prestadas de 2012 para cá. Já fomos intimados pelo Ministério Público Federal duas vezes, para prestar esclarecimentos e entregar documentação. Todo valor que vem ingressando nos cofres do Esporte Clube Bahia estamos destinando aos pagamentos dos atletas, dos funcionários e tentando negociar com fornecedores um melhor acordo. E estamos promovendo a nossa principal meta, para a qual fomos designados, que foi fazer as eleições.

Relação com o departamento de futebol

Diretor de futebol, Anderson Barros, também esteve presente na visita ao CT (Foto: Thiago Pereira)
Anderson Barros, diretor de futebol do Bahia
(Foto: Thiago Pereira)

- Diariamente entramos em contato com o departamento de futebol, Anderson Barros [diretor de futebol do clube]. Ele veio me comunicar, dizer por que [contratou William Barbio]. Então sempre existiu integração. Somos muito transparentes com eles diante do quadro econômico. Não adianta fazer contratações que o clube não possa pagar.

Após quase uma hora de conversa, Rátis se levanta apressado para decidir novos rumos de um clube que respira mudança, mas por aparelhos, na UTI, vítima de muitos problemas econômicos, que ficarão a cargo do próximo presidente.


- Vou ter que ir para pagar contas, e se o dinheiro sumir a culpa é minha – despede-se.

Saiba como será a votação

Os 8.600 sócios votarão através de uma cédula, na qual será possível escolher SIM ou NÃO para as mudanças propostas pela equipe de intervenção. A votação será por bloco. Para que o estatuto seja modificado, é preciso que 2/3 dos sócios na assembleia votem a favor da mudança. Caso os 8.600 sócios aptos compareçam à reunião, 5.733 precisam dizer SIM para que o estatuto seja alterado.

Confira abaixo as principais alterações do estatuto sugeridas pela Comissão de Intervenção.

- Ficha-limpa: ninguém poderia ser candidato à presidência ou a cargo de conselheiro se possuir condenação judicial.

- Eleição direta: sócios elegem diretamente o presidente, que teria de se dedicar integralmente ao cargo e teria salário estipulado pelo Conselho Deliberativo.

- Redução do Conselho: de 300 para 100 componentes, e sua eleição seria proporcional aos votos recebidos por cada chapa.

- Maioridade eleitoral: a idade mínima para votar seria reduzida de 18 para 16 anos. A idade mínima para associação também seria reduzida de 18 para zero ano.

- Mandato-tampão: presidente eleito durante a intervenção comandaria o clube até dezembro de 2014 e não poderia se reeleger.

Autor: ,postado em 17/08/2013


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