Modalidades olímpicas que distribuem 129 ouros estão ou ficarão sem teto

Restam pouco mais de 1200 dias, ou 39 meses, para o início dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro em 2016. O que parece ser muito tempo, na verdade, torna-se uma pressão cada vez maior sobre os atletas que vivem e treinam no Rio de Janeiro.
Essa pressão vem da falta de arenas de treinamento adequadas para algumas modalidades. Entre elas as que mais distribuem medalhadas nas Olimpíadas: atletismo e todas as provas de esportes aquáticos. Juntas, somam 93 medalhas de ouros entre disputas masculinas e femininas.
Além dessas modalidades, ginástica e ciclismo – cada uma com mais 18 medalhas de ouro - sofrem com problemas estruturais do Rio de Janeiro. Ao todo, 129 medalhas douradas não estão tendo o devido tratamento por parte das autoridades.
A começar pelo Parque Aquático Júlio Delamare e pelo Estádio de Atletismo Célio de Barros, palcos de treinamento de grandes atletas. Ambos ficam no Complexo do Maracanã e, de acordo com a licitação feita pelo Governo para a reforma do estádio, ambos seriam destruídos para a construção de estacionamentos e um museu sobre futebol.
Entretanto, nos últimos dias, uma batalha judicial está sendo travada entre o Ministério Público do Rio de Janeiro e os responsáveis pelas obras do Maracanã. O objetivo do MP é evitar a demolição do Parque Aquático.
A licitação do Maracanã, no entanto, garante que um novo parque aquático e um estádio de atletismo sejam construídos próximos ao estádio pelo consórcio que vencer a licitação do Complexo Maracanã. A licitação, que é disputada por dois consórcios, já teve suas propostas entregues e o vencedor deverá ser anunciado nas próximas semanas.
O COB (Comitê Olímpico Brasileiro), por sua vez, entende que as obras deverão seguir seus cronogramas para que os ganhos da sociedade e dos atletas cariocas aconteçam no futuro.
“As interdições do Parque Aquático Julio Delamare e do Célio de Barros já estavam previstas dentro do processo de renovação do Maracanã. Mas a comunidade esportiva do Rio de Janeiro contará com novos e modernos equipamentos, que serão construídos em terrenos próximos ao estádio”, pronunciou-se a entidade por intermédio de sua assessoria de imprensa.
Reféns desse imbróglio, os atletas que dependiam do Parque Aquático Júlio Delamare tiveram que transferir seus treinos para outros lugares. Alguns migraram para o recém-reformado parque aquático do Fluminense, em Laranjeiras, Zona Sul do Rio de Janeiro. Outros, para o Parque Aquático Maria Lenk, que fica no Recreio, Zona Oeste da cidade.
O COB, que gerencia o Parque Maria Lenk, ressalta que o espaço está disponível para os atletas.
Segundo a assessoria, “o Parque Aquático Maria Lenk está à disposição para receber mais atletas que optarem por treinar no local. Dos locais de competição do Pan, apenas o Parque Aquático Maria Lenk está sob responsabilidade do COB, desde abril de 2008. Atualmente, é lá que funciona o Centro de Treinamento Time Brasil”.
Entretanto, o Complexo Maria Lenk, construído em 2006 para os Jogos Pan-Americanos pela gestão do ex-prefeito Cesar Maia, também passará por algumas reformas e deverá ser fechado em meados de 2014.
Com isso, os atletas ficarão sem local de treinamento em alto rendimento, já que o prazo para construção do novo Parque Aquático Júlio Delamare é estimado em 30 meses, de acordo com o edital de obras do Complexo Maracanã.
Cesar Castro, finalista em saltos ornamentais nos Jogos de Atenas, em 2004, criticou duramente a falta de planejamento. “As condições para se treinar no Rio de Janeiro estavam boas do jeito que estavam. Se querem construir, ok, mas deveriam ter tido um melhor planejamento. Eles tinham que começar a construção do novo antes de demolir o velho. Agora, do jeito que está, todo mundo sai perdendo”, critica Cesar, deixando clara sua insatisfação.
Atletismo padece com fechamento do Engenhão
Os problemas nas estruturas superiores do Engenhão, que correm risco de cair caso ventos acima de 63 quilômetros por hora atinjam a região, segundo a consultoria alemã SBP (Schlaich Bergermann und Partner), contratada pelo consórcio construtor do estádio para verificar a segurança do local, não afetaram somente os clubes de futebol do Rio de Janeiro.
O atletismo também ganhou sua parte de prejuízo, já que o Estádio Célio de Barros, também no Complexo Maracanã, está com seus dias contados.
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“O problema do atletismo é anterior aos das demais modalidades, já que o Estádio Célio de Barros está lacrado e fechado há tempos. O prejuízo dos atletas, treinadores e clubes é evidente, pois boa parte da comunidade atlética carioca tinha no Célio de Barros seu principal estádio para treinamento e competições estaduais. Houve também a interdição do Engenhão, o que agravou ainda mais a situação”, pronunciou-se a Confederação por intermédio de sua assessoria de imprensa.
Atualmente, os atletas têm disponível para treinamento apenas a pista do Cefan (Centro de Educação Física Almirante Adalberto Nunes), instituição pertencente à Marinha do Brasil, localizada na Penha, Zona Norte do Rio de Janeiro.
COB promete novidades para ginástica no Rio de Janeiro
No início de 2013, o Flamengo, único clube do Rio de Janeiro que investia na ginástica, encerrou suas atividades na modalidade. Assim, atletas do calibre de Diego e Danielle Hypólito, além de Jade Barbosa, que residem e treinavam no Rio de Janeiro, ficaram sem teto para treinamentos em alto rendimento.
Uma boa notícia, pelo menos na ginástica, parece dar um alento aos atletas. De acordo com o Comitê Olímpico Brasileiro, o Rio de Janeiro está próximo de ganhar um novo Centro de Treinamento para a ginástica.
“Neste momento, o projeto está sendo fechado. Assim que houver uma definição, o COB anunciará os detalhes do projeto, como local, prazos e tudo mais”, informou o COB.
Os equipamentos do antigo CT da ginástica pertencentes ao COB estão armazenados no Complexo Maria Lenk e serão utilizados no futuro Centro de Treinamentos. O COB, ainda, negocia com os principais clubes de ginástica do Brasil para a cessão de outros equipamentos.Autor: ,postado em 19/04/2013
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