ACM Neto assume prometendo medidas duras e pedindo paciência

ACM Neto na Câmara de Vereadores
Foto: Tribuna da Bahia
João Henrique se despede da Prefeitura


A população de Salvador deve se preparar para "algum sacrifício", alertou ACM Neto, nesta terça-feira (1º), em seu discurso de posse como prefeito de Salvador.
Ele chegou exatamente às 14h40 à Câmara de Vereadores, para assinar o termo de posse, e teve dificuldade em alcançar o Plenário, diante da multidão que lotava a praça e os corredores da Casa.
Os próprios vereadores eleitos tiveram muito trabalho para conseguir romper a maré de pessoas. Convidados, jornalistas e funcionários se espremiam, empurravam e eram empurrados.
Quase 30 minutos depois da hora marcada para o início da solenidade de posse, uma funcionária da Câmara implorava espaço, agitando uma pasta: "É o discurso de posse, preciso entregar o discurso de posse", gritava, em vão.
No plenário, apinhado, mexer-se era um sacrifício. Algumas pessoas abandonaram o recinto, preocupadas com o peso de tanta gente em um prédio antigo.
Remédio amargo
Após assinar o termo de posse, na Câmara de Vereadores, ACM Neto dirigiu-se ao Palácio Thomé de Souza, onde fez o discurso de posse. Ele disse que adotará "medidas duras", e lembrou que "algumas vezes é preciso tomar um remédio amargo".
Para os que esperam uma mudança radical na cidade, a curto prazo, disse que os primeiros meses de sua gestão serão de medidas austeras, "mas ainda de pouco para colher". E pediu paciência. "Quero ser cobrado pelo que fiz em meu mandato, não pelo que fiz em 100 dias, seis meses ou um ano". disse.
Para isso, proibiu o fisiologismo na Prefeitura. "Essa história nefasta do toma lá dá cá". E prometeu intolerância com a corrupção.
Ao enumerar os problemas da cidade, ACM Neto disse que eles muitas vezes são simples, mas que, somados, "estão transformando a nossa cidade em um verdadeiro caos".
E citou as sinaleiras desreguladas, o lixo nas ruas, os buracos no asfalto, postos de saúde sem funcionar.
Em uma crítica direta a esse setor, disse que vai "começar pelo básico, que é fazer com que as unidades de saúde voltem a funcionar de forma decente".
Ele identifica, na população de Salvador, "um sentimento de desamparo". E por essa razão, informou, já nesta semana vai reunir secretários e técnicos para visitar alguns bairros, identificar o que pode ser feito emergencialmente e planejar ações.
Mas afastou a possibilidade de alegar uma "herança maldita", deixada pelo seu antecessor, João Henrique Carneiro. "Já sabia que não iria ser fácil".
A despedida de João Henrique
No início de seu discurso de despedida, João Henrique avisava que suas palavras seriam ditadas "pela mais absoluta emoção".
Lendo um texto previamente distribuído à Imprensa, inseriu, de improviso, quase outro discurso.
Enumerou o que considerou suas principais obras e disse que o principal legado de sua administração foi o fato de tratar igualmente tanto os moradores do subúrbio quanto aqueles dos bairros mais ricos.
Mas não estava no texto original a menção de que todos os partidos políticos, mesmo os que lhe fizeram oposição ferrenha, fizeram parte de seu governo, "em algum momento". Nem que o PMDB deu "grande apoio" para a conclusão de obras nas encostas da cidade.
Estava fora do texto, também, a menção ao pai, João Durval, ao falar sobre os reajustes dos servidores, "um dos mais elevados índices de todo o país", o que considerou "herança paterna".
Lembrou, também de improviso, que sua reeleição foi praticamente decidida com o voto do subúrbio ferroviário. E considerou-se injustiçado pelas críticas, que "muitas vezes atingiam a autoestima da cidade e ultrapassavam o limite da sensatez e da razoabilidade".
A ACM Neto, desejou sorte e sucesso, e improvisou mais uma vez: "até porque lhe quero muito bem e há muito tempo".
No final da cerimônia, João Henrique pediu licença para "quebrar o protocolo" e chamou para o seu lado a mulher, Tatiana Paraíso.
Ao falar do apoio que recebeu da mulher e secretária da Saúde em sua gestão, deixou escapar a emoção que prometera no início do seu discurso de despedida. E chorou.
Enquanto deixava a Prefeitura, no corredor principal, João Henrique explicava à mulher: "Tentei segurar a emoção. Mas, ao falar em você, não deu. Você é minha emoção".
A resposta de Tatiana se perdeu em meio aos pedidos dos seguranças para que se abrisse passagem ao ex-prefeito.

Autor: ,postado em 02/01/2013
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