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Brasileira é a primeira a subir e descer a montanha mais alta da Antártida


Brasileira é a primeira a subir e descer  a montanha mais alta da Antártida

A ultramaratonista Fernanda Maciel esteve no topo da montanha mais alta da Antárida, o monte Vinson, e viu sua história ser escrita em condições extremas. A brasileira estabeleceu o recorde do percurso de 4892 metros, geralmente realizado entre cinco e sete dias por atletas profissionais, e o concluiu em 9 horas e 41 minutos. 

A mineira iniciou sua carreira nas montanhas em 2006 e já subiu e desceu correndo os montes Aconcágua (6961 metros em 14 horas), Kilimanjaro (5895 metros em sete horas) e Elbus (5642 metros em cinco horas), picos mais altas das Américas, da África e da Europa, respectivamente.

“Tive a oportunidade de ir para Nova Zelândia e fiz minha primeira meia maratona de montanha. Eu amei. A meia maratona em asfalto, naquela época, eu fazia em uma hora e 28 minutos. Em montanha, eu fiz exatamente uma hora e 28. Pensei ‘caramba, eu sou muito melhor na montanha’ e gosto demais desse esporte”, relatou Fernanda.

Em 2008, maratonista foi convidada a fazer sua primeira ultramaratona na Califórnia, nos Estados Unidos, e se classificou em primeiro lugar em sua categoria. Em 2009, mudou-se para a Europa por conta de trabalho e começou a disputar várias provas da modalidade.

“Aqui na Europa, comecei a ganhar todas, porque era algo que me motivava muito e que eu tinha um talento para isso. Como eu fui advogada ambiental, tudo era muito conectado. Eu amo a natureza”, conta.

Trajetória até o monte Vinson

No monte Vinson, a atleta fez o menor tempo da história na subida, com 6 horas e 40 minutos, e o menor tempo na soma da subida e descida – sem o auxílio de oxigênio –, totalizando 9 horas e 41 minutos.

“Eu treino todos os dias, então não tenho nenhum dia de descanso. Eu tenho um mental coach, que é um treinador para me preparar mentalmente para os meus projetos e as provas, e tenho um treinador que prepara os meus treinos físicos. Os meus patrocinadores também fazem alguns produtos especiais para mim, para eu ter essas condições”, explica.

Residindo em frente ao Mont Blanc, no coração dos Alpes, a brasileira conta com os glaciares franceses para treinamentos em Chamonix.

“Eu estou o tempo inteiro correndo na neve. O Mont Blanc tem quase 5 mil metros de altitude. No verão, dá para subir correndo. É um super esforço morar aqui para ter essas condições, mas isso me deixa mais preparada para poder fazer os meus projetos e provas”.

O desafio na Antártida

A logística para completar o sonho de Fernanda foi complexa. Para ela, as experiências em condições extremas foram essenciais no desafio de correr Vinson.

“Você tem uma super logística em relação às condições climáticas, ao material para conseguir correr. Eu não posso correr com uma bota tripla, com três capas. Eu vou correndo de tênis e, depois, troco por uma outra bota mais leve que eu possa movimentar o meu calcanhar, por exemplo”, relata.

“Eu tenho que treinar os mínimos detalhes e preparar o meu corpo para conseguir usar um tênis numa temperatura de menos 25 graus. Isso acontece com anos de experiência.”

“Para esses projetos que eu faço, eu sei que é, assim, 10% de chance de eu conseguir e 90 de não, porque tudo tem que estar realmente alinhado: a parte burocrática, a autorização para poder ir lá e a parte de realmente correr, porque é uma atividade especial.”

“Precisa ter as condições de meteorologia e as condições da montanha. Eu tenho que me sentir super bem e treinada no lugar. Graças a Deus deu certo. A ficha da conquista ainda caiu, mas eu estou super feliz e não paro de ir na igreja para acender velas.”

Entre as dificuldades, a ultramaratonista conta que seus crampons (peça com picos metálicos, acoplada ao calçado para permitir melhor desempenho na escalada em gelo) quebraram durante o trajeto e os goggles, óculos de proteção, congelaram, mas nada a fez pensar em desistir da chegada ao topo da montanha.

Segundo a atleta, o sentimento de atingir a meta na Antártida foi único.

“É uma sensação de eu ser assim, um ser minúsculo no meio de um branco, de muita paz e silêncio. Aquele momento é único. É tipo um sentimento de sobrevivência, de você voltar a ser animal, é um lugar totalmente extremo.”

Com temperaturas próximas de – 40°C no monte Vinson, Fernanda relembra que também sentiu o poder de ser gigante e corajosa.

“Você olha para baixo e fala ‘caramba, não acredito que estou no meio desse gelo todo e consegui subir correndo até aqui’. Isso parecia estar rasgando o meu coração. Quando você termina, é um alívio, tipo ‘nossa, consegui’, porque a descida é a parte mais perigosa. Você não pode ter um erro.”

Sobre os futuros desafios, Fernanda ainda deseja conquistar os demais pontos mais altos de cada continente. 

Os próximos planos incluem a Pirâmide Carstensz, na Oceania, com 4884 metros, e o monte Denali, na América do Norte, com 6190 metros, além da ultramaratona de 110 quilômetros nas montanhas do Rio de Janeiro e de Paraty, que acontece em setembro.

“Eu nunca pensei sobre ser referência. Eu faço tudo por paixão mesmo e é muito natural. Eu sinto um apoio de muita gente no meu esporte e de fora”, conclui a recordista. 

Autor: ,postado em 01/02/2023


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