Seleção brasileira já tem mais de 1 mês sem técnico;é o 2º período mais longo

A eliminação do Brasil da Copa do Qatar-2022 completa um mês de indefinições. Enquanto potências como Alemanha, Espanha, França e Inglaterra alinharam rapidamente seus projetos para o início do ciclo até a Euro-2024 ou a próxima edição do Mundial no Canadá, Estados Unidos e México, em 2026, a CBF protagoniza o segundo processo seletivo mais longo neste século. De 2001 para cá, a Seleção só ficou tanto tempo sem comando depois da conquista do penta. Luiz Felipe Scolari se despediu oficialmente em agosto de 2002 em um amistoso festivo disputado em Fortaleza. Carlos Alberto Parreira só foi anunciado como novo dono da prancheta canarinha 140 dias depois, em janeiro de 2003.
A demora era esperada. Eleito em fevereiro do ano passado, o presidente Ednaldo Rodrigues jamais escolheu treinador em mais de 40 anos como dirigente. Figura discreta desde que assumiu a liga de futebol amador de Vitória da Conquista (BA) e depois a Federação Baiana de Futebol, ele jamais teve uma decisão tão importante nas mãos. O cartola afirmou desde o Catar que não teria pressa. A definição começará a sair da inércia a partir de amanhã, quando a entidade máxima do futebol brasileiro retornará do recesso.
Pouco depois da derrota nos pênaltis para a Croácia, em 9 de dezembro do ano passado, Tite manteve a decisão anunciada antes do torneio de deixar o cargo. "Eu já havia colocado há mais de um ano e meio, não sou um cara de duas palavras. Não estava jogando para ganhar e depois fazer drama para ficar, quem me conhece sabe. Agora sim foi um processo inteiro. Antes foi um processo de recuperação. Agora teve uma sequência inteira. O desempenho, bem... façam os comentários de vocês. Está aí", afirmou Adenor.Tite passou seis anos e meio no cargo. Em 81 jogos, acumulou 60 vitórias, 15 empates e seis derrotas, com aproveitamento de 80%. Foi eliminado duas vezes nas quartas de final da Copa contra Bélgica (2018) e Croácia (2022), ganhou a Copa América em 2019 e perdeu o título em casa para a Argentina, em 2021. Nas Eliminatórias para os últimos dois mundiais, concluiu ambos em primeiro lugar. Nos bastidores da CBF, há quem defenda a permanência e tente até o último instante demovê-lo da decisão aparentemente irrevogável.
O cargo está vago há 30 dias. A Espanha, por exemplo, demitiu Luis Enrique e anunciou o substituto dois dias depois: Luis de la Fuente, derrotado pelo Brasil na final dos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020; Alemanha, Inglaterra e França mantiveram, respectivamente, Hansi Flick, Gareth Southgate e Didier Deschamps. Entre os oito países campeões do mundo, apenas Brasil e Uruguai continuam sem técnico. A Celeste demitiu Diogo Alonso e procura um professor.
A aparente tranquilidade do presidente Ednaldo Rodrigues alimenta especulações desde os minutos seguintes à queda na Copa. Mano Menezes (Inter), Fernando Diniz (Fluminense), Renato Gaúcho (Grêmio), Cuca (desempregado), Abel Ferreira (Palmeiras) e Jorge Jesus (ex-Flamengo) surgiram como opções. Os nomes de profissionais de pontas da Europa pipocavam mais fortes nos corredores do Estádio da Educação, em Al Rayyan, na ressaca da eliminação contra a Croácia. José Mourinho foi o primeiro citado. Na sequência, o italiano Carlo Ancelotti (Real Madrid), o catalão Guardiola (Manchester City) e o francês Zinedine Zidane (desempregado).
Autor de dois gols contra o Brasil na final da Copa de 1998, o carrasco era cotado para assumir a França. No entanto, a entidade oficializou, ontem, a renovação de Didier Deschamps até 2026. Se cumprir o mandato, o campeão da Copa de 2018 e vice em 2022 alcançará a incrível marca de 14 anos na função. É o recordista na era moderna da seleção.
Em meio às indefinições, dois nomes ganharam padrinhos nesta semana. Reserva na Copa de 2006, o heptacampeão francês e ex-dirigente do Lyon Juninho Pernambucano faz lobby por Zidane. "Vejo Zidane como o técnico perfeito para o Brasil.Hoje você não tem um nome que seja unanimidade no Brasil, por que não olhar para fora?", opinou o ex-jogador em entrevista ao RMC Sport.
Último técnico a levar o Brasil ao título da Copa em 2002 e às semifinais, em 2014, no 7 x 1, Luiz Felipe Scolari deu sua bênção a Abel Ferreira. O técnico do Palmeiras desembarcou no Brasil com a fama de quem eliminou o Benfica de Jorge Jesus na Pré-Liga dos Campeões à frente do PAOK e empilhou títulos no clube paulista. Ganhou duas Libertadores, uma Recopa Sul-Americana, um Brasileirão, uma Copa do Brasil, uma Supercopa do Brasil, um Paulistão e foi vice do Mundial de Clubes contra o Chelsea.
"O Abel (Ferreira) é um dos nomes que eu ficaria muito feliz em ver na Seleção Brasileira. Quem é bom pode trabalhar, mostra sua condição e pronto", opinou Felipão. Com passagem pela seleção de Portugal e pelo Chelsea na Europa, ele minimizou o fato de a CBF cogitar um profissional estrangeiro. "Quero colocar minha opinião para que todos saibam. Nós saímos do Brasil e tiramos lugar de tantos. Não podemos cercear quem está na Seleção de trazer A ou B. É bom, independentemente da nacionalidade, traga", afirmou.O ciclo da Seleção para a Copa de 2026 iniciará oficialmente em março. Há uma data Fifa prevista dos dias 20 a 28. As 10 seleções sul-americanas esperam iniciar a disputa das Eliminatórias nesse período, mas a competição é organizada pela Fifa. Logo, a Conmebol aguarda a definição. Do contrário, o calendário será utilizado para amistosos.
Autor: ,postado em 09/01/2023
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