Assunção 2022
Com um rally de levantar a torcida, Luca Kumahara sagrou-se campeão do individual feminino nos Jogos Sul-americanos Assunção 2022. Na arena montada na Secretaria Nacional de Deportes, o título veio com vitória por 4 sets a 1 (11/8, 11/7, 11/8, 6/11 e 13/11) sobre a argentina Camila Argüelles.
“É meu primeiro título como Luca, então tem um gostinho especial para mim. Estou muito feliz de ter somado mais uma medalha de ouro para o Time Brasil. Gostaria muito de agradecer ao COB e à CBTM, que estão dando muito apoio e suporte nesse passo muito importante na minha vida pessoal. Estou muito feliz. Vamos brigar pelo ouro agora em equipes”.
Luca conta que viveu dias de muita expectativa antes de embarcar para o Paraguai, a primeira viagem para competir desde que tornou público seu nome social. O gelo, no entanto, foi quebrado logo na cerimônia de boas-vindas organizada pelo COB na base do Time Brasil em Assunção.
“Eu estava um pouco receoso antes de vir porque o pessoal do meu entorno está no processo de adaptação, mas eu estava na expectativa em relação ao COB, como eu seria tratado. Mas fiquei muito feliz porque, já na reunião de boas-vindas, a moça falou que chamaria pelo nome para entregar a credencial. E isso do nome sempre me incomodou e gerou momentos desconfortáveis, porque eu já sabia da minha identidade de gênero. Fiquei pensando se chamaria Luca ou o nome morto, que está na credencial. Já fui chegando perto para ela não ter que falar tão alto. Quando ela falou Luca Kumahara fiquei bem feliz. Caraca, que legal!”, afirmou.
“Estava com uma ansiedade um pouco grande em relação a isso. Mas todo mundo do COB estava super bem preparado para me chamar de Luca, me tratar no masculino. Fiquei muito confortável, e isso com certeza me fez jogar melhor. Quando você está bem do lado pessoal, a tendência é que você jogue melhor. A tendência é que as coisas corram bem também. Estou muito feliz não só por mim, mas também de ver a postura em relação a isso.
Luca compete nos Jogos Sul-americanos pela segunda vez –-a primeira foi em Medellin 2010, na segunda competição pelo adulto, sem medalhas. Desta vez foi cabeça de chave número 1 e saiu invicto.
“Com certeza não foi um torneio fácil. Sabia que era cabeça 1 e todo mundo viria para cima de mim. Joguei algumas vezes contra a Camila neste último ano e sabia que teria que ser muito agressivo. Ela saca bem e ataca muito angulado. Foi decidido nos detalhes. Estava o tempo todo preocupado em manter meu ritmo", disse Luca.
Para o brasileiro, a semifinal foi o jogo mais duro, contra a chilena Daniela Ortega, em que precisou buscar o placar duas vezes. A vitória veio por 4 a 2 (12/14, 13/11, 12/14, 11/7, 12/10 e 11/4).
“Na semifinal, a Ortega foi muito difícil, devolvendo todas as bolas. Estava devolvendo todas as bolas. É difícil manter o foco o tempo inteiro, e se perde um pouco elas já recuperam ou abrem vantagem. Não tive muito tempo entre a semifinal e a final, e depois da semi estava morto. Pensei mais em recuperar o meu corpo e tentar voltar para o meu jogo. Estou muito feliz de ter conseguido ganhar nessas condições.”
O Brasil também foi representado por Victoria Strassburguer e Beatriz Kanashiro na competição. Victoria venceu duas partidas e foi eliminada pela chilena Daniela Gómez nas quartas, mesma fase em que Bia caiu diante de Argüelles, ainda na terça-feira.
Autor: ,postado em 13/10/2022
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