Presença de Laurel Hubbard em Tóquio acende debate para conservadorismo do Japão

Os Jogos Olímpicos de Tóquio ainda não começaram, mas já entraram para a história. Classificada para disputar a categoria acima de 87kg do levantamento de peso feminino, a neozelandesa Laurel Hubbard será a primeira atleta transgênero a disputar uma Olimpíada. Ao passo em que Tóquio 2020 terá o peso do pioneirismo, o Japão ainda possui uma das sociedades mais fechadas quanto aos direitos da população LGBTQIA+.
O país-sede da Olimpíada deste ano é o único dentre as sete nações mais ricas do mundo que ainda não legalizou o casamento homoafetivo.
Ex-atleta da seleção japonesa feminina de esgrima, Fumino Sugiyama fez a transição sexual aos 27 anos depois que se aposentou do esporte. Pai de dois filhos, ativista e primeiro transgênero a assumir cargo no Comitê Olímpico do Japão, ele espera que a Olimpíada de Tóquio possa abrir caminho para o debate sobre a questão em seu país.
Nunca me senti bem no esporte, me sentia mal usando uniformes femininos. Agora podemos trabalhar mais a diversidade. A Laurel pode abrir as portas no esporte e no Japão para que mais atletas se assumam e para que transgêneros possam sonhar entrar para o esporte - disse Fumino.
Laurel leva vantagem?
Contudo, apesar da mensagem de inclusão e respeito, existe um importante debate sobre justiça em competições esportivas. Laurel Hubbard competiu como homem até os 30 anos e em 2013, aos 35 anos, fez a transição de gênero. A classificação para a sua primeira Olimpíada veio somente este ano aos 43.
Para conseguir se classificar para Tóquio, a neozelandesa teve que manter, por 12 meses, o nível de testosterona do corpo abaixo de 10 nmol/l, número determinado pela Federação Internacional de Levantamento de Peso (IWF).
Para o fisiologista Turíbio Barros, atletas como Laurel carregam boa parte das características fisiológicas e anatômicas da genética masculina.
A genética masculina promove as chamadas alterações sexuais secundárias a partir da puberdade. E a partir daí existem uma série de modificações anatômicas e fisiológicas que proporcionam desenvolvimento de órgãos e sistemas que não revertem - explicou.
Na última semana, o presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, defendeu que a classificação de Laurel ocorreu de forma justa. Entretanto, ele não entrou em detalhes sobre uma possível vantagem física de neozelandesa em relação às demais competidoras.
A Federação Internacional estabeleceu critérios de classificação. É um tema que envolve medicina e direitos humanos. Finalmente chegamos a um conjunto de regras para determinar uma solução. E essas regras têm que validar uma competição justa - destacou.
Fonte: Site Ge
Autor: ,postado em 20/07/2021
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