No Bahia por 'acaso', promessa da base sonha alto: 'Quero brilhar

O acaso foi o responsável por levar ao Bahia o destaque do time nesta temporada. Gabriel jogava nos campos de várzea de Salvador até ser descoberto pelo presidente Marcelo Guimarães Filho. Pouco mais de um ano depois de chegar ao Fazendão, é a principal referência da equipe. E o mesmo acaso pode fazer com que um xará dele brilhe com a mesma camisa em um futuro próximo.
Gabriel Ramos, com 16 anos recém-completados, é uma das promessas da divisão de base do clube. E, assim como o Gabriel que brilha com o técnico Paulo Roberto Falcão, só chegou ao Fazendão por uma das ironias do destino.
Ele e o amigo Jacó participaram de uma peneira do Bahia em Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro. Jacó, conhecido no Fazendão como Jacozinho, foi aprovado, mas fez uma exigência: só iria para Salvador se Gabriel Ramos estivesse com ele.
- Fiquei feliz porque ele me deu uma oportunidade de ir com ele. Tem pessoas que não dão essa oportunidade aos outros. Ele disse que só iria se eu fosse. Nunca tive oportunidade de ir pra outro time e aí aceitei numa boa – lembra o meia.
O teste foi feito no Rio de Janeiro, mas com a supervisão de um olheiro do Bahia do Espírito Santo, conhecido como Índio. A peneira foi feita na escolinha comandada por Pimpolho, onde Gabriel Ramos treinava. O meia foi mal nas atividades e por isso não foi selecionado.
- Lembro também que Pimpolho chamou Índio e disse que tinha um garoto que não havia treinado bem, mas que valia a pena apostar. Trouxemos ele para um período de teste e deu certo – comemora o diretor das divisões de base do Bahia, Newton Mota.
Antes de chegar ao Bahia, Gabriel Ramos tentou a sorte no Americano de Campos e no Goytacazes. E, por incrível que pareça, ele e o atacante Jacó eram rivais.
- Jogávamos um contra o outro, mas já tínhamos uma amizade – explica.
Sem espaço no Fazendão
A adaptação em Salvador não foi problema para Gabriel Ramos. Com a internet e o celular, o meia garante que já se acostumou com o principal problema: a saudade da família. Difícil mesmo foi ter oportunidade para jogar no Bahia.
Nas primeiras semanas, Gabriel apenas treinava. A reserva era uma constância para ele. No primeiro campeonato que disputou, chamou a atenção, mas continuou na reserva. Até que o meia desencantou.

- No tempo que não tinha espaço, não fiquei chateado. Encarei de forma normal. A gente tem que esperar a oportunidade e quando chegar aproveitar. E foi o que fiz em um torneio no interior da Bahia, em Irecê – relembra o jogador.
Após a competição, Gabriel Ramos não deixou mais a vaga no time. E aí não precisou de muito tempo para conquistar a confiança dos profissionais das divisões de base do Bahia.
- Ele é um menino com QI muito bom e de uma excelente formação. Considero ele um dos grandes destaques de nossa base. Tanto é que tem 16 anos e é titular do sub-17 – avalia Mota.
O grande momento de Gabriel Ramos foi na disputa da etapa nacional Copa Manchester United Premier. Inspirado em Lucas, do São Paulo, o jovem foi o destaque do Bahia - com o companheiro Jacó no ataque - e autor do gol que garantiu o título na vitória por 1 a 0 sobre o Santos.
A conquista rendeu ao Bahia a possibilidade de disputar a etapa mundial – o Tricolor foi eliminado nas semifinais – e maior destaque individual para Gabriel Ramos. Por causa do desempenho, ele foi eleito o quarto melhor jogador sub-15 no ano passado e convocado duas vezes para defender a Seleção Brasileira.
Apesar de se dizer fã do meia são-paulino, o técnico do jogador do Bahia prefere compará-lo com um outro atleta.
- Ele tem o estilo de Ganso, agora é um pouco mais rápido. Usa a perna direita, esquerda e bate bem falta. É um dos melhores das divisões de base do Bahia. Chegou aqui para ser avaliado e é um talento que o clube tem – opina Daniel Ribeiro.
Timidez e sonhos no Tricolor
Com pouco mais de um ano convivendo diariamente em um clube de futebol, Gabriel Ramos ainda se mostra assustado com a visibilidade que conseguiu em tão pouco tempo. O jogador foi até homenageado no ano passado em sua cidade natal após a primeira chamada para vestir a amarelinha.
Sem esconder a timidez da idade, o meia diz ter como meta neste momento ser aproveitado no time principal do Bahia. Sem atropelar as etapas de preparação, o jovem mantém os pés no chão.
- Penso agora em subir para o profissional e manter minhas atuações no Bahia. Quero brilhar aqui no Brasil antes de pensar em qualquer transferência para fora – garantiu.

Garoto já foi convocados duas vezes para a
Seleção Brasileira (Foto: Divulgação)
Enquanto não chega a hora de subir para o profissional, Gabriel Ramos aproveita as oportunidades para conversar com os jogadores que admira no Tricolor. Os papos com os atletas do elenco principal não são constantes, mas proveitosos.
- Quem mais fala com a gente é Titi. Ele sempre dá uns conselhos para a gente da base – lembrou o meia sobre o zagueiro e capitão do time de Paulo Roberto Falcão.
À espera de poder se juntar aos profissionais do Bahia, Gabriel Ramos ainda tem pela frente mais três ou quatro anos nas divisões de base do Bahia. A não ser que o acaso, tão importante na vida dele e do xará do time principal, pregue mais uma peça e o apresente à torcida tricolor antes da hora.
Autor: ,postado em 24/03/2012
Comentários
Não há comentários para essa notícia